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Centospé comenta: “Gênero e raça de estudantes do ensino superior no Brasil por curso e área” (Nexo Jornal)

Leia a reportagem: “Gênero e raça de estudantes do superior no Brasil por curso e área” (Nexo Jornal)

Dados do Censo da Educação Superior (INEP, 2016) mostram que a UFSC é a Universidade Federal mais branca do País. Não é apenas consequência de sermos o Estado com a população mais branca, até porque a UFSC sempre recebeu muitas estudantes de outros cantos, especialmente após 30% de ingresso na Universidade ser via SiSU. É um resultado construído propositalmente pela Universidade.

É consequência da falta de políticas de permanência, como a quantidade baixíssima de vagas na Moradia Estudantil, a falta de bolsas de permanência, as longas filas que obrigam a escolher entre ir pra aula ou comer, a lotação do LabUFSC e a insuficiência dessa estrutura para quem não tem computador realizar vários tipos de tarefas acadêmicas, etc.

É consequência também do racismo de muitos servidores docentes, que realizam assédio, perseguição ou chacota de estudantes negros ou indígenas nas salas de aula, como ocorreu em um caso bastante discutido no Design ano passado. Consequência da falta de acolhimento na PRAE, onde faltam respostas para as necessidades de tantas de nós e sobram denúncias de tratamento vexatório. Consequência também do racismo de outras e outros estudantes, enquanto crescem os símbolos da organização de extrema-direita na UFSC (como os ataques à sala Quilombo esse ano) que não são investigadas ou levadas a sério.

Defendemos a prioridade de investimentos para as políticas de assistência estudantil e permanência, o avanço das ações afirmativas na graduação, sua adoção na pós graduação e nos concursos para trabalhadoras da UFSC. Também a investigação e o combate aos casos de racismo e assédio por parte de servidores e estudantes da instituição. O respeito da Universidade às trabalhadoras e trabalhadores terceirizados, de maioria negra, que além dos enormes ataques a seus direitos trabalhistas, ainda tiveram sua alimentação fortemente dificultada em 2017 pelo aumento no passe do RU (de R$2,90 para R$6,10). Por fim, o reconhecimento da Universidade ao movimento negro e movimento indígena para pensar junto todas as políticas que digam respeito a suas lutas.

Pintar a Universidade da cor do povo!